sábado, 10 de outubro de 2009

A Constelação do Cruzeiro: Wilson Piazza


A estrela destacada hoje é Wilson Piazza, que está para o Cruzeiro assim como Nílton Santos está para o Botafogo. Assim como a "Enciclopédia", Piazza só vestiu duas camisas em sua carreira: a do seu clube e a Canarinho.
Wilson da Silva Piazza nasceu Ribeirão das Neves, em 25 de fevereiro de 1943, e foi buscado ainda muito jovem pelo Cruzeiro junto ao Renascença em 1964, uma vez que Hílton Chaves estava contundido.
Piazza se destacou jogando como volante e não saiu mais do time, esteve presente no melhor time da história do Cruzeiro, o que goleou o até então Maior Time de Todos os Tempos, o Santos Futebol Clube, com 6x2 em Belo Horizonte, e 3x2 após estar perdendo por 2x0 no Pacaembu, tendo Piazza sido incumbido de erguer a Taça


Piazza era o capitão do Cruzeiro e foi um marcador incansável de Pelé, e diferentemente dos outros, não jogava batendo no Rei, mas com categoria, tomava a bola com elegância e lealdade, e já passava rapidamente a redonda para Tostão ou Dirceu Lopes, companheiros que o ajudaram a formar a maior trinca que o Cruzeiro já teve.
Uma das maiores partidas de Piazza com a camisa Azul, se não a maior, foi o jogo contra o Santos em 1966. O time Celeste formado por garotos enfrentava o poderoso Santos de Pelé & Cia., quando o Cruzeiro já vencia por 1x0, um lance mágico na partida: Pelé recuou até o meio-campo pedindo a bola, recebeu e ao sentir o marcador se aproximar, girou o corpo em um drible que o marcou na carreira, por geralmente deixar seus marcadores humilhados, todavia, Pelé mal conseguiu ver o eterno capitão Azul que passou sem praticamente tocá-lo, levando consigo a bola e puxando o contra-ataque. O maior jogador de Todos os Tempos ficou parado, observando Piazza se distanciar, sem ao menos esboçar alguma reação, tal era a surpresa de encontrar um marcador limpo, que jogava com categoria, com eficiência e que desarmava magnificamente. Piazza avançou com a redonda e saiu jogando ao entregar a pelota para Dirceu Lopes que comandou junto com Tostão o show do Cruzeiro.
Nas poucas oportunidades em que os Santistas chegaram, Piazza estava lá para frear o maior ataque do mundo.
Na etapa complementar, o Cruzeiro voltou para o jogo vencendo por 5x0 e logo nos primeiros minutos, Pelé pediu a bola e rapidamente apareceu Piazza para o desarmar, com incrível precisão.
Exausto devido ao fato de não conseguir fugir da marcação de Piazza que o desarmava de forma limpa, Pelé cometeu um erro execrável. Agiu de forma suja e desleal ao acertar Piazza, que ficou no gramado se contorcendo em dores. O Maior jogador que o Mundo já teve é que agrediu o seu marcador, só mesmo Piazza para conseguir tal façanha. Ao perceber o ocorrido, o grande zagueiro Procópio Cardoso Neto -um dos melhores, senão o melhor zagueiro que o Cruzeiro teve- foi até o meio-de-campo e acertou uma peitada no Rei, para proteger o companheiro. A partir daí mais um lance histórico: Procópio provou que, se o Santos não podia nos vencer em campo, com certeza não iriam ganhar no grito, afinal como se comprovou em 76, ninguém ganharia do Cruzeiro no grito.
A partida foi encerrada em 6x2 para a Raposa, que mais tarde conquistaria a Taça Brasil ao vencer novamente, desta feita no Pacaembu, por 3x2.

Após as finais contra o Santos, o Cruzeiro ficou mundialmente respeitado pela goleada que aplicou, e no Brasil foi se firmando entre os clubes mais populares, sendo reconhecido por seu toque de bola genial.
Junto com Natal, Tostão, Dirceu Lopes, Raul & cia fez parte do imbatível time do Cruzeiro, pentacampeão Mineiro entre 1965-1969.

Piazza jogou ainda a Copa do Mundo de 1970, para que todos os melhores jogadores pudessem entrar no time, Piazza foi improvisado ao lado de Brito como 4ºzagueiro, para que Clodoaldo fizesse parte do Escrete Canarinho. Deu certo, a Seleção fez bonito e ganhou a Copa ao golear a Itália por 4x1 na finalíssima. Participou e comandou ainda o esquadrão tetra-campeão Mineiro entre 1972-1975.
Em 1974 foi capitão da Seleção Basileira que foi derrotada pela Holanda na Copa da Alemanha.

No ano de 1974, o Cruzeiro sofreu um dos maiores desfalques da história do futebol Brasileiro ao perder o Brasileirão para o Vasco, mas isto é história para o outro dia. O que importa agora é como chegamos à final contra os cruz-maltinos.
O Cruzeiro enfrentou o Santos pela última rodada do quadrangular-final, que definiria o campeão ou os possíveis finalistas em caso de empate entre as equipes do quadrangular.
Mais uma vez em São Paulo, desta vez no Morumbi lotado, o Santos sucumbiu frente à equipe Celeste, e mais uma vez Pelé esteve presente em um baile do Cruzeiro sobre os Paulistas.
O Santos precisava tanto da vitória quanto o Cruzeiro para tentar chegar ao título e Pelé já cogitava a aposentadoria, e nada melhor do que encerrar a carreira como campeão.
O Cruzeiro foi com tudo pra cima do Santos, e marcou 2 gols depois dos 30 do primeiro tempo, e a Esquadra Azzurra queria mais. Aos 37 minutos, Piazza cobrou uma falta lançando Zé Carlos, o "Mestre Zelão" tocara de primeira para Dirceu Lopes que, com explêndida categoria, limpou o lance e marcou o terceiro gol Celeste. O Cruzeiro dava mais um show sobre o Santos, marcando 3 gols em 7 minutos. Era mais uma derrota do Santos frente ao Cruzeiro, seu maior carrasco.

Em 1975, mais uma demonstração do amor de Piazza pelo Cruzeiro: a equipe Azul poderia até perder por 2 gols de diferença para o Independiente, que mesmo assim estaria na final da Copa Libertadores. No entanto, o time argentino venceu por 3x0.
Piazza foi um dos que ficou mais abatido do time, estava envergonhado pela derrota do Cruzeiro por um placar desta elasticidade. Ao chegar ao hotel, sequer havia tirado as chuteiras, e muito menos jantou. Não compreendia e não aceitava a derrota do time Azul, por mais que ele tenha lutado.
A redenção veio na campanha da Libertadores de 1976, já experiente e liderando o meio de campo, juntamente com o eterno companheiro Zé Carlos, Piazza foi também capitão do time que ganhou a Copa Libertadores da América. Na finalíssima Piazza jogou com a categoria e a raça de sempre, e no 2º tempo daquela partida novamente contra argentinos (desta vez contra o River Plate), jogou sob o efeito de infiltração, pedida ao Dr. Ronaldo Nazaré, para amenizar uma dor no púbis.

Piazza afirmou que não sairia e que queria ser campeão da América com o Cruzeiro, e assim o fez, após o lance notável de Joãozinho ao fazer o gol da vitória nos últimos minutos do 2ºtempo contra o River Plate.
Piazza se aposentou no futebol em 1977, e hoje é líder da Federação das Associações dos Atletas Profissionais (Faap), que coordena as atividades de cada Associação de Garantia ao Atleta Profissional (Agaps). Essa entidade se faz presente nove estados do Brasil mais o Distrito Federal, tem como principal objetivo auxiliar ao jogador de futebol após sua aposentadoria, visando à educação do mesmo, para que prossiga em sua carreira.

Foi capitão do Cruzeiro, entre 66 e 76 e ficou marcado pela bela história que escreveu no clube de Belo Horizonte. Toda vez que se citam os melhores jogadores que passaram pelo Cruzeiro, Piazza é sempre um dos primeiros nomes a aparecer, e não poderia ser diferente.
O grande Piazza deu um exemplo de raça, de gana, de categoria, de lealdade, de simplicidade, enquanto jogou com a camisa do Cruzeiro.
Piazza é uma forma de mostrar que futebol não deveria ser só dinheiro, como é hoje, mas é garra, a luta, é jogar com o coração.
Este gigante do Cruzeiro soube honrar esta camisa 5 Estrelas como poucos, eternamente na história do Cruzeiro, eternamente na história do futebol, eternamente Capitão.

Nome: Wilson da Silva Piazza

Títulos: Copa Libertadores da América 1976;
Taça Brasil 1966;
Campeonato Mineiro: 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977.
Campeão Mudial em 1970 pela Seleção Brasileira.
3º Jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro com 566 jogos, entre 1964 e 1977, tendo assinalado 39 gols.

2 comentários:

  1. tenho orgulho de ter um atleta como o piaza q honrou a camisa azul celete alias eu comecei a torcer plo cruzeiro nos anos de 1966 este sim é um exemplo parabenms piza vc jamais sera esquecido plo q fez plo nosso cinco estrelas o maior time do mundo segue meu abraço wilson da siva piaza vce merece tudo plo q fez plo cruzeiro.

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  2. São 50 anos que os azuis de BH colocaram Minas no primeiro lugar do pódio. Em 30\11 de 2016 os heróis de 66 chegaram aos 70 anos e o caçula Tostão faz 70 anos em Janeiro de 2017. O livro com parte da sua biografia se encontra nas livrarias e o Mineirão de 66 foi repaginado e a Belo Horizonte que tinha 70 anos em 2017 vai fazer 120 anos. Os sons das chuvas vem das gotas das chuvas unidas que dão vida aos ribeirões. As paginas imortais do Cruzeiro estão vivas na memoria afetiva de toda uma geração e o poder de atração da arte da bola deixam as emoções a flor da pele.

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