domingo, 11 de outubro de 2009

Onde a imagem do Cruzeiro resplandece: Cruzeiro 4x3 Atlético-MG - 16/09/07

Véspera de Cruzeiro e Atlético e nada melhor do que relembrar um dos melhores confrontos que os rivais já fizeram em suas histórias, e diga-se de passagem o mais emocionante que eu já acompanhei.

Foi em 16 de Setembro de 2007, que o Cruzeiro enfrentou o Atlético no Mineirão pela 26ª Rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo estava cercado de expectativa, o Cruzeiro era vice-líder do Brasileiro e o Atlético estava fugindo do rebaixamento, o favoritismo pendia para a Raposa, mas a partida não foi fácil, foi muito bem disputada, foi emocionante, foi épica.
Numa tarde de calor no Mineirão, quem aumentou ainda mais a temperatura foi o veterano atacante do Cruzeiro, Roni, que já havia passado pelo Atlético-MG em 2006, onde também se destacou. O Cruzeiro começou em cima do Atlético-MG e logo aos 11, Thiago Heleno tomou a bola de Danilinho na intermediária, e jogou na meia-esquerda para Fernandinho, o lateral-canhoto do Cruzeiro tocou rapidamente para Roni, que invadiu a área alvi-negra e quando todos esperavam o cruzamento para Marcelo Moreno, veio o tiro cruzado de pé direito, que sofreu um leve desvio da perna do lateral atleticano Coelho e que passou entre o goleiro Édson e o poste direito. Estava aberta a contagem no Mineirão, e delírio Azul nas arquibancadas.
A Raposa continou indo pra cima do Galo, e com 23 minutos, o lépido Maicosuel aprontou um salseiro pela ponta-direita, sassaricou em frente à Thiago Feltry, e após passar por este depois de um drible, foi derrubado ainda fora da área, mas caindo dentro dela, o árbitro assinalou penalty, que na verdade foi uma falta cometida fora da área, lance difícil.
Roni que não tinha nada a ver com isso, cobrou com extrema categoria, um chute rasteiro à esquerda do goleiro Édson que pulou para o canto direito, 2x0 para o Cruzeiro com apenas 25 minutos. O experiente centro-avante marcou o seu segundo gol no jogo e já era candidato forte a herói do jogo.
A torcida Celeste fazia seu carnaval e esperava uma goleada, mas o Atlético-MG iniciou sua reação rapidamente. Aos 30 minutos, uma falta para o Galo ainda na intermediária, pelo centro do ataque, Coelho acertou um tirambaço que foi defendido por Fábio e ainda tocou no ferro, a zaga não tirou a bola e o volante Gérson foi quem mandou a bola para o fundo da meta.
Com o gol do Galo, o jogo voltou a ficar em aberto, e ficou sensacional, o Atlético-MG quase empatou após corner cobrado por Coelho e desvio do zagueiro Leandro Almeida dentro da pequena área, mas ele pôs pela última linha.
O Atlético-MG ganhou moral e partiu com tudo pra cima, e aos 37, numa grande jogada de Marcinho pela direita, a zaga cedeu escanteio. Coelho cobrou e apareceu o atacante Marinho, que não jogava há muito tempo e estava recém recuperado de contusão, para colher a cabeçada, a bola morreu no meio do gol, empatando o jogo.
Quatro gols no primeiro tempo, com mais algumas boas oportunidades para as duas equipes, foi apenas o aperitivo para o que seria a emoção do 2ºtempo.
Na etapa complementar o Atlético-MG voltou melhor, a equipe Celeste sentiu o empate após estar vencendo por 2x0 e deu espaço ao inimigo.
Num contra-golpe iniciado após um escanteio mal cobrado pelo Cruzeiro, Thiago Feltry escapou velozmente pelo meio e lançou para Marcinho já dentro da área, Fábio saiu aos seus pés e o árbitro assinalou penalty, que foi inexistente. Assim como Roni, Marinho não tinha nada com isso, e bateu a penalidade da mesma forma que o atacante Celeste, deslocando o goleiro e também no canto direito, aos 12 minutos. Festa alvi-negra no Mineirão e Marinho era outro que postulava o título de herói da partida.
Com a possível vitória, pela primeira vez na história dos rivais, o Atlético-MG estava revertendo uma vantagem de dois gols do maior rival. A reversão de uma vantagem de dois gols neste confronto só ocorreu 3 vezes até hoje, e todas foram efetuadas pelo Cruzeiro, em 1931, 1965 e em 2000.
Logo que o Galo passou à frente, o técnico Dorival Júnior mudou a equipe Azul, colocou a dupla que veio da base da Raposa e que tinha um gosto especial por confrontos contra o Atlético-MG, Kerlon e Guilherme. Para a entrada dos garotos foram sacados Wágner e o boliviano Marcelo Moreno.
O efeito da mudança foi literalmente imediato, na primeira concatenação, Kérlon lançou Guilherme pela meia-direita na intermediária ofensiva -que no 2ºtempo era a que dava para o gol da lagoa da Pampulha-, Guilherme disparou de perna direita, um tiro rasante, e a pelota quicou antes de ir parar no filó. O lado Azul do Mineirão explodiu de alegria após um golaço do Cruzeiro, e Guilherme caía ainda mais nas graças da torcida, ele que sempre deixou sua marca contra o Atlético-MG.
O Cruzeiro passou a pressionar o Atlético-MG com tudo, a virada era questão de tempo. Ela veio aos 32 minutos da etapa final, numa excelente jogada do Cruzeiro. Fernandinho amorteceu o lançamento recebido pela meia-esquerda, fora da área, e tocou a menina para Roni já dentro da grande área, ainda pelo lado esquerdo, ele driblou a Leandro Almeida e trouxe a bola para o meio, possibilitando o chute, Édson espalmou o balaço, mas não pôs a bola para a fora e sim na pequena área, onde estava colocado o herói do jogo, o carrasco Guilherme, que pegou de bate pronto com a perna esquerda fazendo o 4 a 3 para o Cruzeiro.
Assim que a bola entrou, a torcida do Cruzeiro comemorou o gol como poucas vezes se viu até hoje, era a virada da raça, da fibra, do coração.
O Cruzeiro queria ampliar a vantagem, pois neste jogo estava mais do que provado que tudo podia acontecer, dois minutos depois do 4ºgol, foi por pouco que o 5º não apareceu, Guilherme invadiu a área, driblou o goleiro Édson e fez o passe para Kérlon, que atirou para o gol e só não marcou porque Gérson apareceu em cima da linha para salvar.
Com o Cruzeiro vencendo o Galo, o time Celeste pôs o Alvinegro na roda, e dava espetáculo. Kérlon pegou a bola pela ponta direita e fez uma jogada que lhe é característica e foi inesquecível, levantou a bola e começou a carregá-la através de seguidas cabeçadas sem deixa-la cair no chão, era a famosa jogada da foquinha. Enquanto caminhava empinando a bola e prestes a invadir a área -já que o seu marcador, Thiago Feltry, ficou totalmente embaraçado com a jogada e realmente fico tonto- foi atingido por Coelho, numa clara agressão, a falta foi marcada pelo árbitro e um passo mais de Kérlon, seria penalty. A confusão então foi formada, vários jogadores foram ao local da falta, fazer pressão sob Kerlon, que foi defendido pelos jogadores do Cruzeiro. Dizem que Maicosuel inclusive alfinetou os rivais, dizendo que eles iriam cair (após o jogo o Galo ficou a um ponto da zona de descenço). O juiz expulsou Coelho diretamente e o Cruzeiro passou ainda mais a comandar o jogo, não fez o 5ºgol, mas saiu vencedor de um dos melhores clássicos de todos os tempos.
Após o jogo, tentativas desesperadas dos jogadores e do técnico atleticanos de mudar o foco da derrota, tentando culpar Kerlon, por um possível crime, que é o drible. Resta lembrar, que o futebol brasileiro é o mais conhecido no mundo pela sua alegria e seus dribles desconcertantes, a prática do anti-jogo é totalmente condenável.
Nesta segunda-feira, feriado, os velhos rivais se enfrentam novamente, a espera de um excelente jogo é grande. É torcer para que o Cruzeiro lute com dedicação até o último minuto para sair de campo mais uma vez com a vitória em cima do time de Lourdes.

Clube Atlético Mineiro 3x4 CRUZEIRO ESPORTE CLUBE

Atlético-MG: Édson; Coelho, Leandro Almeida, Vinícius e Thiago Feltry (Vanderley); Thiago Carpini, Gérson, Danilinho e Marcinho; Éder Luís (Lúcio) e Marinho.
Técnico: Leão.

Cruzeiro: Fábio; Mariano, Émerson, Thiago Heleno e Fernandinho; Charles, Luís Alberto, Maicosuel (Jardel) e Wágner (Kérlon); Roni e Marcelo Moreno (Guilherme).
Técnico: Dorival Júnior.

Gols: Roni, aos 11 minutos; Roni, aos 24 minutos; Gérson, aos 30 minutos; e Marinho, aos 37 minutos do primeiro tempo. Marinho, aos 12 minutos; e Guilherme, aos 16 minutos; e Guilherme, aos 32 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Vinícius, Danilinho, Eder Luís e Coelho (Atlético-MG). Luis Alberto e Fábio (Cruzeiro).
Cartão vermelho: Coelho, aos 35 minutos do segundo tempo (Atlético-MG).

Público: 40697 pagantes. Renda: R$: 757675,00.
Estádio: Mineirão em Belo Horizonte (MG). Data: 16/09/2007.
Árbitro: Evandro Rogério Roman (PR)
Auxiliares: Marco Antônio Gomes (Fifa-MG) e Guilherme Dias Camilo (MG).
Motivo: 26ª Rodada do Campeonato Brasileiro Série A 2007.

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