quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Onde a imagem do Cruzeiro resplandece: Cruzeiro 5x4 Internacional - 07-03-1976

Este embate foi considerado por muitos a partida mais emocionante do Mineirão. Cruzeiro e Internacional fizeram um jogo condizente com a grandeza destes clubes, um jogo sensacional, simplesmente memorável. O jogo abria a Copa Libertadores para os clubes brasileiros.
O Cruzeiro entrou em campo num clima de revanche, uma vez que em 14 de Dezembro último, havia perdido na final da Copa Brasil (nome oficial do Campeonato Brasileiro em 1975) para o mesmo Inter, por 1x0 no Beira-Rio, gol do zagueiro chileno Figueroa (o famoso gol do "Raio de Luz", e tido como o maior zagueiro das Américas).
As duas escalações eram praticamente as mesmas da final de 1975. No Cruzeiro, Piazza cedeu sua vaga à Jairzinho, e o lateral-esquerdo Vanderley entrou no lugar de Isidoro (Vanderley estava suspenso na final da Copa Brasil). No Inter, mudanças nas laterais, Cláudio e Vacaria, no lugar de Valdir e Chico Fraga, além da entrada de Escurinho na vaga do excelente Paulo César Carpegiani que se recuperava de cirurgia.
Aos 4 minutos, Nelinho cobrou uma falta da intermediária, Joãozinho recebeu a redonda na ponta-canhota, cruzou rasteiro em centro, e antes que a zaga chegasse, Palhinha fuzilou a meta de Manga, estava aberta a contagem.
O herói colorado de 75 foi o destaque negativo do Inter neste jogo.
O segundo não demorou a sair, Nelinho iniciou o contragolpe com um lançamento do campo de defesa do Cruzeiro para o centro do ataque, na disputa apenas Figueroa e Palhinha, o zagueiro tentou matar a bola no peito para sair jogando, mas depois que o beque tocou na bola pela primeira vez, Palhinha foi mais esperto e chutou a bola para o fundo da meta, antes que Figueroa esboçasse qualquer reação.
O grande Paulo Roberto Falcão iniciou a jogada do primeiro gol do Inter, recebeu pela ala direita, jogou para o centro ainda na intermediária, onde Caçapava recebeu e de primeira soltou para Lula, ele ainda tinha Vacaria para aprofundar a jogada, mas preferiu o chute, e deu um tirambaço de canhota na gaveta direita de Raul, aos 14.
O nome do jogo era mesmo Joãozinho, os laterais do Inter foram substituídos na tentativa de marcá-lo. E ele apareceu mais uma vez: quando Manga saiu jogando com Figueroa pela sua área, este fez o passe na direção de Caçapava na intermediária, antes que o meio-campo alcançasse a bola, Joãozinho tomou-lhe a pelota, invadiu a área pelo bico esquerdo, e tendo somente o chileno à sua frente, pedalou de forma notável para passar por ele e mandou um balaço de canhota para as redes coloradas, 3x1 aos 21.
O Inter não se abateu e num lançamento de Vacaria pela lateral-esquerda, Lula recebeu próximo à linha de fundo, driblou ao zagueiro Morais e tocou para trás, onde Valdomiro apareceu livre, e só teve o trabalho de escolher o canto para diminuir aos 38. O primeiro tempo foi encerrado em 3x2 para o Cruzeiro.
Na etapa final, a disposição do Inter era grande, e os colorados chegaram ao empate. Darci Menezes tentou o passe no ataque mas ela caiu nos pés de Falcão, ele evouiu no contra golpe pelo centro, jogou a bola na direita para Valdomiro, este já pela ponta fez o cruzamento a meia altura, na tentativa do corte, o excelente volante Zé Carlos mandou contra o patrimônio, logo aos 6.
O Cruzeiro além do empate, também sofria pela expulsão de Palhinha aos 11 minutos da etapa derradeira.
Mesmo assim, o Cruzeiro chegou ao quarto, numa bola recuada na intermediária, o volante do Inter recebeu a bola, mas Jairzinho (o Furacão da Copa) roubou-lhe a bola, e avançou pela esquerda, adiantou a bola para Joãozinho, que já dentro da área atirou para o alto das redes gaúchas, 4x3 com 17 minutos do segundo tempo.
Mas o Inter não se entregava, e numa escapada pela esquerda, Lula -que também fez grande partida- driblou a Nelinho, soltou no costado do lateral para Vacaria, este ergueu para a área, Escurinho subiu mais que Darci Menezes e Morais, deu a primeira cabeçada, mas foi Ramon (que havia entrado no lugar de Flávio) quem deu o golpe fatal de cabeça aos 25.
O Cruzeiro partiu em busca do 5ºgol -era impossível afirmar que seria o gol da vitória- Nelinho avançou pela meia direita e virou o jogo para canhota onde recebeu Joãozinho, o melhor em campo avançou em alta velocidade pela ponta esquerda, driblou a Valdir (que tentava marcá-lo, já que Cláudio Duarte não conseguiu) e invadiu a área, foi aterrado por trás pelo lateral e o juiz não teve dúvidas de apontar para a marca da cal.
Penalty para Nelinho, era sinônimo de gol (assim como as faltas), e o lateral que nesta Copa Libertadores jogou com a 9 ás costas, deu um tiro seco, à meia altura, no canto esquerdo de Manga, que pulou para o canto direito, 5x4 aos 40 do segundo tempo. A partida foi encerrada com este placar, e eternizada como uma das mais emocionantes do futebol nacional. O Cruzeiro arrancava bem na Copa Libertadores, na qual acabou sagrando-se campeão jogando a finalíssima no Chile, contra o River Plate da Argentina.
Cruzeiro e Internacional fizeram uma demonstração de técnica, de categoria e de raça. Mostraram o que havia de melhor nos áureos tempos do futebol. Joãozinho fez uma das melhores partidas de sua vida, e mais uma vez utilizou de dribles magníficos para bater aos seus marcadores.
Neste domingo, os velhos rivais se encontram novamente. Não veremos a mesma técnica em campo, mas Cruzeiro e Inter já provaram diversas vezes, que este jogo é simplesmente diferente.

CRUZEIRO ESPORTE CLUBE 5X4 Sport Club Internacional

Cruzeiro: Raul; Nelinho, Morais, Darci Menezes e Vanderley; Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata (Isidoro), Palhinha, Jairzinho e Joãozinho.
Técnico: Zezé Moreira.

Internacional: Manga; Cláudio Duarte (Valdir), Figueroa, Hermínio e Vacaria; Caçapava, Falcão e Escurinho; Valdomiro, Flávio (Ramon) e Lula.
Técnico: Rubens Minelli.

Gols: Palhinha aos 4 e aos 10, Lula aos 14, Joãozinho aos 21 e Valdomiro aos 38 minutos do primeiro tempo. Zé Carlos (contra) aos 6, Joãozinho aos 17, Ramon aos 25 e Nelinho aos 40 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Palhinha (Cruzeiro); Hermínio, Cláudio, Figueroa e Vacaria (Internacional).
Cartão vermelho: Palhinha.

Público: 65643 (pagantes). Renda: Cr$: 793407,00.
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG). Data: 07/03/1976
Árbitro: Luiz Pestarino (Argentina)
Motivo: 1ª Partida da primeira fase da Copa Libertadores da América de 1976

Um comentário:

  1. Conhecimento em abundância no blog, é sempre bom saber do passado histórico celeste...

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