quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Onde a imagem do Cruzeiro resplandece: Cruzeiro 2x1 São Paulo - 09/07/00

Para muitos, o mais emocionante jogo nestes quase 44 anos de Mineirão, alguns dentre os mais antigos ainda consideram a vitória do Cruzeiro por 5x4 contr o Inter pela Libertadores em 1976. Mas o certo, que foi uma noite histórica, para o Mineirão e para o Cruzeiro Esporte Clube.
Cruzeiro e São Paulo travaram um duelo ímpar, valendo o caneco da Copa do Brasil, o Cruzeiro terminou como campeão invicto e nas semifinais havia eliminado o Santos, já o São Paulo eliminara o Atlético-MG.
No jogo de ida, 0x0 no Morumbi, com grandes chances desperdiçadas por cada lado, e também com defesas milagrosas de André.
A finalíssima ocorreu em Belo Horizonte. Lembro-me como se fosse hoje: antes do jogo o Cruzeiro já havia anunciado a contratação de Luiz Felipe Scolari para a vaga de Marco Aurélio, independente do resultado da partida.
O Cruzeiro entrou em campo com a composição de uniforme que mais gosto: camisa azul, calção e meião brancos (me faz lembrar o formação com Tostão, Dirceu Lopes, Piazza & cia de 1966). O jogo começou e o Cruzeiro foi pra cima, jogando em casa e com o apoio da torcida, a atuação não podeira ter sido diferente. A formação inicial do time, tinha os atacantes Oséas (artilheiro da competição com 10 gols) e Geovanni, mas a grande chance foi perdida com Ricardinho, numa confusão na área, ele apanhou o rebote e jogou por cima da meta de Rogério Ceni. O primeiro tempo terminou com os times tendo se estudado muito, típico de uma decisão, mas o Cruzeiro não se omitia no jogo.
Na etapa complementar, o jogo de forte marcação do São Paulo funcionava, e o Cruzeiro não tinha grandes chances. Em uma cobrança de falta, próxima à linha lateral esquerda da área do "Gol da Cidade", Marcelinho Paraíba executou com perfeição a cobrança -a qual todos esperavam um cruzamento- e ela foi parar no filó, 1x0 para o São Paulo, e já com 25 minutos do 2ºtempo. Uma agonia tomou conta de mim, e de toda a torcida, com 1x0 os paulistas estavam faturando a Taça, e mesmo com um empate ela não perderia o rumo do Morumbi, apenas vitória interessava. O técnico Marco Aurélio mudou sua equipe rapidamente, colocou Müller e Fábio Jr., o Cruzeiro passou a fazer pressão com 3 atacantes, e logo deu resultado: Müller fez de forma notável a jogada de pivô e fez um passe magnífico, Fábio Jr. recebeu a redonda e fuzilou o gol de Rogério Ceni, enchendo de esperanças milhões de Corações de cores Azul e Branco. O time celeste foi pra cima, no embalo da torcida, e numa bola mal recuada da lateral esquerda para a zaga (como eu poderia esquecer?), Geovanni ganhou na corrida de Rogério Pinheiro, e foi derrubado, um passo mais e seria penalty. Muita tensão, o jogador são-paulino foi expulso pelo árbitro e fez muita cera para sair de campo. Ricardinho chegou a tomar posição para a batida, era a última cartada do Cruzeiro, mas deixou para o jovem Geovanni. Aos 46 minutos do 2º tempo, Müller o aconselhou a bater "forte e rasteiro", e assim o atacante celeste o fez. Mandou um foguete que desviou num dos pés dos jogadores da barreira, e foi parar no fundo das redes do time paulista. O Mineirão explodiu em uníssono, era o gol da emoção e do pasmo, do riso e do choro. Não sabia como comemorar, se gritava, se ria, se chorava, talvez tenha feito tudo ao mesmo tempo. Era a glória para o Cruzeiro e desolação para o São Paulo, uma festa nunca vista antes no Mineirão. Mas, o jogo ainda não havia acabado. O São Paulo teve a sua última chance, pouco depois da saída de bola, num cruzamento para a pequena área, uma cabeçada à queima-roupa e uma defesa que não se via há muito tempo, feita pelo goleiro André. No entanto a pelota ainda ficou na área e antes que um jogador são-paulino guardasse a bola na meta, Cléber (ou Clebão) deu um bico na redonda, rechaçando não somente a menina, mas qualquer pretensão do time Tricolor. Pouco depois disso, Carlos Eugênio Simon apitou pela última vez nesta noite mágica, que está eternamente guardada em nossas memórias.
Naquela noite, 5 estrelas brilharam no céu como não se via há muito tempo.

CRUZEIRO ESPORTE CLUBE 2X1 São Paulo Futebol Clube

Cruzeiro: André, Rodrigo (Fábio Júnior), Cris, Cléber e Sorín(Viveros); Donizete Oliveira, Ricardinho, Marcos Paulo e Jackson(Müller); Geovanni e Oséas. Técnico: Marco Aurélio.

São Paulo: Rogério Ceni, Belletti, Edmílson, Rogério Pinheiro e Fábio Aurélio; Alexandre (Axel), Maldonado, Raí e Marcelinho Paraíba; Edu (Fabiano) e França (Carlos Miguel). Técnico: Levir Culpi.

Gols: Marcelinho Paraíba 20, Fábio Júnior 35 e Geovanni 46 minutos do 2º do segundo tempo.
Cartões Amarelos: Sorín, Cléber, Oséas, Maldonado, Raí e Belletti.
Cartão Vermelho: Rogério Pinheiro 44 minutos do 2º.

Público: 85.841 (pagantes). Renda: R$ 817.816,00
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG).

Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS).
Auxiliares: José Carlos Oliveira (MS) e Marcos Viana Ibañez (RS).
Motivo: Jogo de volta da Final da Copa do Brasil.

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